OUTROS CINEMAS | Auditório Soror Mariana
Cinema e música | O ano de 2018 abre com o tema «cinema e música», uma proposta para levar os eborenses a ouvir cinema através de uma viagem ilustrada por diferentes géneros cinematográficos que celebram compositores de referência no repertório erudito e popular do século XX.

 

 

 

Antes dos videoclips, a música esteve presente desde a origem da indústria cinematográfica. Muito antes da projecção do primeiro cinema sonoro, em 1927, pela companhia Warner Brothers, as projecções de imagens animadas eram acompanhadas ao piano com música frequentemente improvisada que acompanhava o desenrolar da «acção». Nos anos ‘20, os cine-teatro mais luxuosos acompanhavam as imagens com o som de orquestra, que tocava música escrita expressamente para dar vida à narrativa. Em 1927, para celebrar esse prodígio tecnológico (o cinema sonoro), a Warner escolheria um dos ícones da música popular norte-americana Al Jonson (nome do judeu lituano emigrado Asa Yoelson, 1885-1950), para o filme The Jazz Singer que, no essencial, passava para o cinema o popular teatro de variedades. A magia das imagens animadas necessitou sempre da música para ilustrar emocionalmente ou gerar o ambiente necessário à criação dessa maravilhosa ilusão. No entanto, essa música não é frequentemente ouvida visto que ela se subordina à narrativa expressa através das imagens e dos textos dos personagens. Ocasionalmente essa música «erudita» escrita para cinema conseguiu impor-se por si mesma e viver para além do filme, alimentando o comércio das gravações de discos de bandas sonoras de filmes. Neste ciclo propomo-nos atentar nesse cruzamento entre a música erudita e a música para os filmes e evidenciar os seus compositores através da invocação de alguns nomes emblemáticos como os norte-americanos George Gershwin (1898-1937) e Leonard Bernstein (1918-1990) e, no caso da música para cinema, Bernard Hermann (1911-1975), os italianos Ennio Morricone (n.1928) e Nino Rota (1911-1975) e o francês Paul Misraki (1908-1998). A selecção contempla diferentes géneros (o musical, o drama, o cinema negro, o Western), com a música erudita contemporânea (vulgo «clássica») a tomar nesta selecção um papel central. Mais do que tentar apresentar uma amostra deste vasto oceano, constituído como objecto de estudo, visa-se promover o debate sobre as múltiplas relações do cinema com a música, a começar pelas suas funções, sobre como o cinema influenciou a música contemporânea e, em especial, o cinema da indústria de Hollywood. Aproveita-se para celebrar alguns compositores que viveram da música que escreviam sob encomenda para o cinema e sinalizar aqueles que o fizeram excepcionalmente. Por isso, se deixámos de fora realizadores que utilizaram de forma brilhante a «música clássica» nos seus filmes como Stanley Kubrick (1928-1999), (2001: Odisseia no Espaço, 1968; Laranja Mecânica, 1971) e compositores Sergei Rachmaninoff (1873-1943), Aram Khachaturian (1903-1978), John Williams (n. 1932) e tantos outros, não podíamos deixar de recordar Carlos Paredes (1925-2004). Outros Cinemas é um projecto da Colecção B Em parceria com o Departamento de Artes Cénicas e com o Departamento de História da Universidade de Évora e conta com o apoio da Direcção Regional de Cultura do Alentejo, da Universidade de Évora, da Fundação Eugénio de Almeida, da SOIR Joaquim António de Aguiar e da Câmara Municipal de Évora.

 

       
Organização: Colecção B | UNIVERSIDADE DE ÉVORA - DAC Departamento de Artes Cénicas DHIS Departamento de História
Em 02.01.2018